Publicitário com alma de administrador, esse é o perfil de Daniel Caracas, CEO do Grupo Phocus - um profissional de alta performance que faz a publicidade regional acontecer, promovendo importantes marcas e descobrindo vários talentos criativos.
Bati um papo com o criativo onde falamos sobre mercado, clientes, gestão de pessoas, era digital e mudanças de cenários.
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Look Market com Daniel Caracas
Blog do Fernando: A agência de publicidade é uma fabrica de ideia, os clientes sempre que procuram uma agência tendem a utilizar a frase “quero algo diferente”. Como ser inovador num cenário extremamente competitivo?
Daniel: Sempre buscamos entregar aos nossos clientes, além de uma ideia criativa, inovadora, diferente, uma ideia pertinente. Hoje em dia, ser só diferente não é o suficiente. O conceito de uma campanha deve ter fundamento, análise de cenário e pertinência com o problema do cliente. O que separa a agência de um artista, é que um artista tem compromisso somente com sua verdade. A agência tem que ter o compromisso com o receptor, ou seja, com seu público-alvo. Comunicar é uma técnica. Tornar essa mensagem atrativa, surpreendente, inovadora, é nossa arte. Por isso que precisamos de técnica e talento. Uma boa composição desses dois ingredientes é fundamental. Às vezes observamos ideias diferentes, inovadoras, mas totalmente desassociada do problema, produto ou ideia do cliente. Criatividade com pertinência é que queremos entregar.
Blog do Fernando: Uma boa agência não se mantém apenas com boas ideias. Gestão é fundamental! Você é publicitário de formação e administrador por vocação. Como é o processo administrativo dentro da Phocus?
Daniel: Como em qualquer empresa, gestão é um ponto fundamental, muitas vezes pouco valorizado em agências de propaganda. Ao longo dos últimos anos, investimos em sistemas que permitam a interligação de todos os processos da agência melhorando a performance de todos os departamentos envolvidos e, consequentemente, gerando um resultado final de maior qualidade. Também é importante estabelecer metas bem claras e compartilha-las com a equipe responsável por trazer esses resultados. Sem dúvidas, a área mais complexa de gestão em uma agência, é a gestão de pessoas, ou como gosto de aplicar, a gestão de talentos. Digo e repito que motivar seres humanos é a tarefa mais complexa de qualquer empresa, muito difícil de ser atingida, muito fácil de ser quebrada. Com certeza, meu maior foco atualmente é na gestão de talentos e em manter a equipe motivada para entregar 100% de performance. É uma tarefa muito difícil, que envolve complexidades profundas, por isso, nem sempre é possível ter 100% de sucesso, mas essa é minha meta.
Blog do Fernando: Existe uma Phocus antes e depois de Daniel Caracas? Uma Phocus reformulada corporativamente?
Daniel: A Phocus foi fundada em 1973, portanto, tem 38 anos. É a agência em funcionamento mais antiga do Maranhão. É um orgulho trabalhar numa empresa familiar com tanto tempo de vida. Entrei em 2001 (há 10 anos), então, prefiro dizer que a Phocus teve 2 ciclos. O primeiro, comandado pelo meu pai, Rodrigo Caracas, que desbravou o mercado de publicidade no Maranhão, juntamente com outros brilhantes profissionais da época que até hoje atuam no mercado. Entrei na agência com o foco de assumi-la, o que de certa forma, deixa as coisas mais claras e facilitam o processo de transição, que não é nada fácil. A transição que durou 5 anos foi uma época muito proveitosa de maturação pessoal e profissional, “abertura de portas” mentais e enriquecimento de conteúdo. Ao longo desse tempo, meu estilo foi se implementando aos poucos, estruturando esse novo ciclo da Phocus. Em 2006, sentimos que era hora de completar essa transição – foi quando meu pai se retirou do dia-a-dia da empresa e oficialmente passei a liderar a Phocus. A partir desse ponto, pude implementar mudanças progressivas à empresa, aproximando-a do meu estilo e da minha visão de trabalho e, sem dúvida, iniciar um novo ciclo virtuoso na Phocus, com nova vida, novo gás, novo animo, que começou a ser refletido nos trabalhos, na energia que a empresa transmitia para o mercado. Espero que isso seja só o começo. Minha meta é levar a Phocus até seus 60 anos. Chegando lá, eu também quero passar meu bastão pra alguém. (rsrsrs!)
Blog do Fernando: Eu sou defensor da ideia de que a agência NÃO é um extensor do departamento de marketing e nem um substituto. A agência é um forte parceiro. Marcio Oliveira, VP de Operações da Lew Lara diz que a agência é um apontador de solução. Como é o relacionamento da Phocus com seus clientes? Há muitas crises nesses casamentos? Como funcionam os diálogos cliente-agência?
Daniel: A agência e marketing do cliente se complementam. Um depende do outro para desenvolver um bom trabalho. Creio que parceiro estratégico é termo mais adequado para definir o relacionamento entre cliente-agência. Quando a agência participa das decisões junto ao cliente, inclusive à nível estratégico, geralmente é quando obtemos melhores resultados, maior eficácia na comunicação. Por isso confiança na competência técnica da agência é fundamental. Por muitas vezes, o cliente enxerga a agência do outro lado da mesa e não do mesmo lado. Por isso, algumas vezes, crises acontecem, principalmente nos relacionamentos mais duradouros, mas vejo isso com muita naturalidade, como parte do processo de melhoria constante dos processos e da qualidade dos trabalhos. Felizmente, hoje em dia, temos vários casos bem sucedidos de excelentes parcerias cliente-agência, aonde atuamos junto ao cliente, lado-a-lado, em decisões estratégicas, garantindo um resultado melhor das campanhas. Para que se construa essa confiança é fundamental a transparência no dialogo. Transparência é a tônica.
Blog do Fernando: A área de digital é uma realidade na comunicação contemporânea das marcas. No eixo Rio-São Paulo já vemos anunciantes utilizando-se de campanhas unicamente on-line, como por exemplo Ford, Xerox e a telefônica Sprint Nextel. No Maranhão, você acha que os consumidores estão preparados para campanhas do tipo? Existe demanda?
Daniel: Temos que cruzar essa pergunta com o próprio cenário socioeconômico do Estado. Na verdade, não é só uma questão de querer, existe toda uma condição de acesso à tecnologia que é fundamental para a eficácia da comunicação digital. Sem dúvidas, nesse quesito, o Maranhão ainda tem muito à avançar em relação ao sudeste do país (e do mundo!), mas creio que já viemos de mais longe. Hoje em dia, o acesso à internet já é bem mais democrático, apesar da qualidade e frequência desse acesso estar muito aquém do ideal. Mesmo assim, já vemos experiências exitosas no nosso estado na área de comunicação digital – mas acho que ainda temos muitíssimo à avançar. Essas experiências locais, são ainda muito tímidas e pequenas perto de todo o potencial do mundo digital. Fora que temos um carência de profissionais especializados, até por conta da falta de mercado de trabalho. No caso da Phocus, ainda estamos nos primeiros passos de desenvolvimento de uma maturidade em termos de comunicação digital, mas com nossa experiência no mercado local, esperamos avançar rápido pois, sem dúvidas, essa é uma área que só tem à crescer. E com certeza, a comunicação digital vai mudar drasticamente o negócio da propaganda muito em breve em termos de remuneração. Vamos precisar repensar o negócio e, principalmente, aonde está realmente o valor do nosso trabalho – se é em veiculações, produções ou realmente no conteúdo e ideias.
Blog do Fernando: E pra finalizar, qual seu Look Market? Qual sua visão do mundo, da vida e da comunicação regional?
Daniel: Cada vez mais rápido, o cenário social e econômico do mundo muda mais rapidamente. Antigamente, de 50 em 50 anos víamos mudanças fundamentais. Há pouco tempo, isso diminuiu para 10 anos, depois 5 anos e, hoje em dia, creio que quase de 2 em 2 anos temos uma novas conjunturas complexas de cenários. O mundo digital e a geração Y está aí para provar isso. Tudo acontece em uma velocidade cada vez maior. O longo prazo nunca foi tão curto. E o curto prazo é agora. Portanto, vou colocar minha visão sobre o que considero duas características fundamentais do profissional contemporâneo: motivação e resiliência. Positividade e motivação é fundamental em tudo, pois profissionais de alta performance não podem dar menos que 100%. O motivado faz, o desmotivado reclama. Já a resiliência, no mundo corporativo, eu diria que é a capacidade de você se adaptar rapidamente aos novos cenários, sua capacidade de lidar com muitas informações e pressões, simultaneamente, sem perder o foco. Portanto, motivação, capacidade de adaptação e resiliência são fundamentais para tomar as decisões corretas, no tempo certo e com a velocidade necessária. Pra terminar, uma frase que incorporei na minha vida empresarial: “SUCESSO É DOR. MAS O SABOR DO SUCESSO SUPERA A DOR”.