Meu bate
papo de hoje é com uma profissional super conectada. Ela é jornalista digital
desde 2009, escrevendo especialmente para publicações online como o site de
criatividade Brainstorm#9, é curadora da seção BUZZ da Revista Galileu e é colaboradora
no Tecnoblog.
Conversei neste
Market Look com a Jornalista Jacqueline Lafloufa sobre etiqueta digital,
conectividade, novas mídias e os famosos selfies
como novo hábito cultural. Confira!!!
Market Look com Jacqueline Lafloufa
Blog do Fernando Coelho: Com a
velocidade da informação proporcionada pelas plataformas digitais, o consumidor
teve seu poder social potencializado. Como você enxerga as transformações
culturais proporcionadas pelas redes sociais e como isso impacta os negócios do
mundo?
Jacqueline: A conectividade
proporcionada pela chegada dos smartphones e conexão de dados móveis foi
provavelmente a última grande revolução do consumidor. Agora ele pode pesquisar
preços de produtos a partir da própria loja física, ou pode escolher não sair
de casa para fazer essa compra. Pode também conferir com seus amigos das redes
sociais quais marcas são confiáveis, quais tratam bem seus clientes, respondem
dúvidas e garantem a qualidade do produto.
Acredito que a junção de mobile, 3G e
redes sociais deu ao consumidor um poderio enorme, e as empresas precisam
aprender a não querer empurrar esse consumidor "para baixo do
tapete", sumindo com reclamações ou dando respostas genéricas. É
necessário atender de forma cada vez mais educada e sincera, sob pena de perder
não apenas um cliente, mas toda a rede de influência que ele tiver. Ao mesmo
tempo, há a parte positiva: cada consumidor é um potencial influenciador da sua
rede, e uma postagem positiva, um elogio e uma indicação são valiosíssimas para
as empresas.
Blog do Fernando Coelho: Cada nova
mídia que surge, junto nasce a polêmica sobre a morte de uma outra. Foi assim
com o jornal, rádio e tv, agora é a vez da internet e mídias sociais (não tão
novas assim). Segundo a Forrester, a partir
de 2016 o investimento em campanhas digitais será maior que em tv. Qual seu
olhar a respeito desta afirmativa?
Jacqueline: Sobre a primeira afirmação,
não acredito nela. Mídias não matam umas às outras, elas surgem para atender às
novas necessidades. A TV não chegou para matar o cinema ou o rádio, ela veio
para atender a uma nova demanda. Assim também é com a internet e as redes
sociais. Mídias anteriores precisam pensar em se atualizar/se adaptar aos novos
tempos, aos novos interesses, senão irão mesmo definhar, não porque a 'nova
mídia' a matou, mas porque ela deixou de ser relevante. Acerca de investimentos
em campanhas, a Forrester tem uma das
estimativas mais otimistas. Outras empresas de pesquisa, como eMarketer, Magna Global e BI
Intelligence preferem manter estimativas mais conservadoras, dando conta dessa
mudança da liderança de investimentos para 2017 ou 2018. Mas o ponto principal é que sim, haverá um
determinado momento em que a internet será mais interessante como plataforma de
anúncios do que a TV, pois suas possibilidades de direcionamento e segmentação,
bem como a medição de ROI, são muito mais interessantes e assertivas do que a
oferecida pela TV atualmente. Essa mudança se deve também ao crescimento de
tempo gasto pela audiência em plataformas digitais, como a internet e
dispositivos móveis. É importante, contudo, destacar que a TV não perderá a sua
importância - a tendência é que ela deixe de ser a líder no recebimento de
investimento de mídia, mas é bem provável que mantenha a vice-liderança.
Leia mais em: http://www.brainstorm9.com.br/52840/negocios/investimentos-em-anuncios-digitais-devem-ultrapassar-os-da-tv-em-2016/
Blog do Fernando Coelho: O social
digital está deixando as pessoas mais antissociais?
Jacqueline: A culpa não é das mídias
sociais, ou da internet, ou dos smartphones. A culpa é de quem se permite ser
antissocial, e da nossa moral de convivência, cada vez mais permissiva, que
autoriza, ou ao menos não reprime, quem usa do digital como barreira entre si e
o mundo real. A internet ainda é uma novidade muito recente para a nossa
sociedade - tem cerca de 20 anos no Brasil - o que faz com que não saibamos
muito bem como lidar com o impacto dela nas nossas relações sociais. Acredito
que dentro dos próximos anos vamos desenvolver uma espécie de etiqueta do
digital. Assim como muitos de nós aprendemos que não se deveria ligar para a
casa de alguém (no seu telefone fixo) depois das 22h, a não ser que fosse uma
emergência, também vamos acabar, por tentativa e erro, aprendendo pequenas
regras de etiqueta digital. Não podemos culpar nossas falhas de comportamento
nas novas ferramentas.
Blog do Fernando Coelho: E os famosos
selfies? Como potencializar este novo
hábito a favor das marcas?
Jacqueline: A Rosana Hermann disse
certa vez que o selfie é o novo
autógrafo, e eu concordo com ela. Durante as eleições, tivemos as
"Rousselfies", fotografias dos eleitores com a presidenta, então acho
que as marcas podem usar esse viés de autógrafo, de algo exclusivo e somente
obtido pessoalmente, bem como as chamadas instamissions, fotografias temáticas,
geralmente postadas no Instagram, que engajam a audiência, seja com selfies ou
não.
Blog do Fernando Coelho: Qual seu
Market Look? Qual sua visão de vida, de mundo e do mercado?
Jacqueline: Uma das coisas que aprendi
nos últimos anos é que a grande sacada é não ter medo do novo, ter a paciência
de compreendê-lo, analisá-lo, observá-lo e imaginar usos positivos dele dentro
do cenário que precisamos. Portanto, acredito que nesse ambiente cada vez mais
digital que vivemos, temos que nos esmerar em temer menos e experimentar mais,
aprendendo com essa experiência e buscando acertar de novo, evitar escorregar
no mesmo erro, e seguir em frente. Não é algo fácil, mas também é uma das
minhas visões pessoais sobre a vida - não sabemos de muita coisa, e precisamos
continuar em frente mesmo assim, tentando repetir os acertos e minimizar os
erros. Acho que esse pode ser um bom norte para não esmorecer frente às dificuldades
da vida, e também para conseguir aproveitar as oportunidades, seja na vida
pessoal, na carreira ou nos negócios.
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