Não existe faculdade para ser
vendedor, mas com toda e absoluta certeza existem bons compartilhamentos de
experiências que podem colaborar significativamente com nossa atividade diária.
Conversei com Clézio Amorim, Mestre
em Administração e Doutorando em Turismo e Desenvolvimento Sustentável pela
ULPGC, na Espanha, e autor do livro “As 55 maneiras de matar o seu cliente no
atendimento”.
Segundo meu convidado, 67% dos
clientes que uma empresa perde é devido ao mal atendimento. E qual a solução
para exterminar essa estatística? Descubra agora lendo o Look Market da semana,
falamos sobre como ser (e desenvolver) um bom vendedor, a criatividade em
vendas e os pecados mortais na hora do atendimento.
Aprecie sem moderação.
Look Market com Clézio Amorim
Blog do Fernando Coelho: venda é uma
qualidade que nasce com a gente ou que pode ser adquirida?
Clézio: A venda
para mim é uma competência que pode ser desenvolvida. Necessita conhecimento,
prática e atitude para querer ser um bom vendedor. Se a pessoa não tem o
talento natural, nada a impede de ser um bom vendedor. Esta pessoa precisará,
com toda certeza ter mais dedicação, persistência, estudo e tempo para praticar
do que uma pessoa que nasce com este talento natural. As pessoas que têm a
capacidade de vender, como talento natural se destacam com mais facilidade e
com menos esforço do que aquelas que não têm. Se se dedicarem, poderão ser
vendedores de destaque, pois o seu “DNA” já contribui nesta direção. Para mim,
fatores determinantes no sucesso de vendas é a dedicação, a persistência e a atitude.
Metade de um grande vendedor está na sua mente. Querer ser um bom vendedor,
fazer o que se precisa e depois é vender. Um bom vendedor nunca está pronto.
Aprende-se todos os dias. Toda venda é uma experiência.
Blog do Fernando Coelho: Hoje as
empresas possuem basicamente os mesmos produtos, por exemplo, alguém que busca
comprar um carro , geralmente tem a mesma opção em duas ou três
concessionárias da mesma montadora, com as mesmas taxas, preço e condições. O
que diferencia uma marca da outra é o atendimento. Como você avalia o
atendimento cedido hoje pela maioria das empresas?
Clézio: Posso começar com uma
estatística alarmante. 67% dos clientes que uma empresa perde é devido ao mal
atendimento. Então estamos passando por uma crise séria. Isto não é recente.
Por que então somente agora está tomando esta dimensão? Pelo fator de produtos, preços e distribuição
serem praticamente iguais para todas as empresas. As empresas não se
diferenciam demasiadamente uma da outra pelo produto. O diferencial está na
prestação dos serviços para disponibilizar os produtos. É neste momento que o
atendimento configura fator crítico de sucesso. Quem tem bom atendimento,
superando as expectativas do cliente, encanta-o. Encantar o cliente é despertar
um prazer durante e após o processo de compra. Este cliente ignora marcas
concorrentes, paga preços mais alto e faz o marketing boca-a-boca positivo para
os amigos. Atender é um processo que envolve relacionamento, comunicação e
principalmente capacidade de entender as necessidades do cliente. Por isto se
perde tantos clientes no atendimento. As empresas pecam ao contratar o recurso
mais valioso para aumentar as vendas: um bom atendente. As pessoas não deveriam
atender apenas para fechar uma venda e ganhar comissões, mas vender para fazer
amizades e para se relacionarem. Segundo Gitomer, as pessoas preferem comprar
dos amigos. Para mim o segredo é fazer amizades e assegurar as vendas por um
longo tempo. Não percebo isto no dia a dia das empresas. Para mim, treinar o atendente apenas em
técnicas de vendas é disponibilizar uma ferramenta, ensinar todas as situações
de uso, mas não dar autonomia para usar todos os recursos disponíveis. Deveríamos
trabalhar primeiramente as INTELIGÊNCIAS EMOCIONAL E RELACIONAL nos atendentes,
para depois muni-los de técnicas de vendas.
Blog do Fernando Coelho: em seu livro
você fala sobre as 55 maneiras de matar o seu cliente no atendimento.
Resumidamente quais são elas e como evitá-las?
Clézio: Este livro é uma contribuição
ao atendimento no Brasil. Cansei de reclamar dos atendimentos ruins que eu
recebo diariamente. Então decidi pesquisar e escrever um material diferente,
acessível, bem humorado e que pudesse ser lido por todos. Eu diria que todas
estas formas de matar o cliente no atendimento têm como base a falta de
receptividade do cliente. As empresas não cuidam para recepciona-lo. É comum
encontrar o atendente com a atenção voltada para os celulares, brincando com os
outros colegas, etc e quando o cliente entra no estabelecimento, já se foi a
oportunidade de recepciona-lo. Normalmente é o cliente que procura pelo
atendente. A segunda base de mal atendimento é não identificar as necessidades
do cliente. O atendente não tem intenção ou conhecimento para dialogar com o
cliente, não obtendo o máximo de informação sobre o que ele precisa. A terceira
base está na própria prestação do serviço. Como a internet disponibiliza todas
as informações sobre os produtos, o cliente já chega na empresa, muitas vezes,
munido de mais e melhores informações sobre o produto do que as
disponibilizadas aos atendentes. Eu mesmo já tive várias oportunidades de
mostrar ao atendente atributos importantes de produtos que eu fui comprar. A
última base é o fortalecimento da relação, com uma despedida que deixe o
cliente com o sentimento de ser importante para a empresa. Lembre-se que
devemos nos despedir sempre com a mesma energia e entusiasmo. Em um dos
capítulos eu conto que um atendente me levou até a porta da loja e se despediu
com toda energia, entregando-me a sacola com a compra. Alguns dias depois eu
entrei na mesma loja e não comprei. O atendente me deu um tratamento muito frio
e não me levou até a porta. Daí eu conclui que o cliente que eu não era o
cliente, mas a sacola. Destas quatro bases, originam-se as mais diversas formas
de matar o cliente. Este livro estará disponível no mercado dentro de 90 dias.
Blog do Fernando Coelho: a
criatividade é uma atitude mental (e comportamental) e que todos podem ter.
Como gestores de vendas podem ser criativos sem cair no ridículo?
Clézio: A criatividade é imprimir um
olhar diferente para as coisas que todos veem da mesma forma. É ter ideias novas. É ser original. É um
processo e não apenas um conjunto de técnicas. As empresas querem pessoas
criativas, mas não dão espaço para exercer a criatividade. A busca pela
criatividade gerará erros e estes erros precisam ensinar as pessoas e as empresas.
Mas o que ocorre são punições. É impossível querer sair dos trilhos sem cometer
erros. Em vendas, ser criativo é ter o comportamento voltado para fazer a
abordagem, perguntas reveladoras das necessidades dos clientes e apresentação
dos produtos de forma diferente. É um processo que requer coragem, estudo,
persistência, ousadia, sair do quadrado e correr daquelas tradicionais frases
prontas de vendas, que úteis apenas para vender produtos de baixo valor
agregado, mas não para um comércio mais sofisticado. O bom senso é fundamental
e por isto que um bom vendedor está cada dia mais difícil encontrar. É onde a
empresa deveria investir mais. “Nada acontece na empresa até que uma venda seja
feita”.
Blog do Fernando Coelho: em uma
frase, qual seu market look? Qual sua visão de vida, mundo e mercado?
Clézio: Devemos fazer o melhor possível,
pois a vida é uma conexão de boas intenções.
MINI-CURRÍCULO:
Graduado em Administração,
Especialista em Exportação e Ecoturismo, Mestre em Administração, UFPR e
Doutorando em Turismo e Desenvolvimento Sustentável, ULPGC, Espanha.
Diretor da Planeta Rede Criativa,
empresa de conexão de mentes criativas e das marca BARA e Bela Pop, do setor de
vestuário feminino. Facilitador das Conexões em Criatividade, liderança
compartilhada, desenvolvimento de equipes de alto desempenho e negociação com
base no mérito. Professor da UFPB. Aluno do Curso de Chef de cozinha Internacional.
Experiências interculturais em mais de 40 países. Atualmente trabalho no desenvolvimento da
minha marca para a KEZO bistrô & boulangerie e para a volta ao mundo
pesquisando cozinhas e temperos, além de trabalhar no desenvolvimento da
Campanha Nacional “Atenda bem, você faz a diferença”.