quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Market Look com Guilherme Pereira

Market Look com Guilherme Pereira
Blog do Fernando Coelho: “Os jovens, hoje, já não se contentam mais em comprar apenas um produto. Eles estão atrás de experiências que deem significado à aquisição e justifiquem suas compras.” Essa é uma informação da Pesquisa M.Marketing Inteligência. Em sua opinião, as marcas entendem e interagem com os jovens de forma coerente?
Guilherme: Elas estão aprendendo a fazer isso. Hoje muitas marcas conseguem ter esse engajamento e sabem fazê-lo da melhor forma. Ter o consumidor por perto, principalmente os jovens, é um desafio que, uma vez tendo conquistado, a marca só tem a ganhar. A marca que consegue adquirir "brand lovers" (amantes da marca, traduzindo livremente) deve levar isso como um triunfo, pois aquele consumidor que se encaixa nessa posição será o seu maior defensor e propagador. Exemplo disso são os apple fans, que defendem os produtos, são apaixonados por eles e enfrentam filas enormes quando a empresa lança algo novo. Compreender a importância disso é imprescindível para se trabalhar essa relação.  
Blog do Fernando Coelho: O que você acha da atual fase da publicidade brasileira? Quais os pontos de melhoria?
Guilherme: Sem sombra de dúvidas a publicidade brasileira é muito criativa a ponto de receber reconhecimento mundial, porém há muita coisa ruim sendo feita por aí. Se é questão de verba, tipo de cliente, tempo ou qualificação profissional isso não sei dizer. Outro ponto é a "liberdade". É notável que a velha publicidade, falando dos anos 80 pra trás, era um tanto quanto mais livre (ou menos vigiada) e se permitia algumas coisas. Hoje, com o Conar fiscalizando fortemente cada campanha, muitos dos insights acabam se perdendo e as campanhas acabam em lugar comum. Não estou dizendo que perdemos de ter campanha polêmicas ou indevidas, não é isso, mas o cuidado para comunicar algo está maior, haja vista a polêmica sobre publicidade infantil, uma novela infinita longe de acabar. Algo que comentei recentemente com uma colega de trabalho, foi sobre campanhas parecidas: todo mundo usa um jingle, todo mundo cria um personagem e, pior, todos usam o mesmo emissor de credibilidade. É pedir para perder identidade, não? Fica difícil para consumidor identificar quem é o anunciante desse jeito. Independente destes pontos, no geral a publicidade brasileira colhe bons frutos. Temos boas agências e bons profissionais na gerência, o que nos garante uma qualidade significativa das campanhas.
Blog do Fernando Coelho: Marketing vai muito além do tradicional mix promocional. Como você enxerga o cuidado com a força de vendas e linha de frente das marcas do varejo?
Guilherme: Sobre isso, há algo muito interessante acontecendo no mercado, que é o fato do conceito de força de vendas ter mudado. Quando se fala em força de vendas, todos pensam em quem está ali no contato direto com o potencial comprador (seja PF ou PJ). Não deixa de estar certo, mas, mais do que isso, a força de vendas é um núcleo estratégico de uma empresa, que tem como objetivo traçar estratégias que vão além da quantidade do número de vendas. Claro, o montante é importante? com certeza é, mas e a qualidade dos processos que levam à venda efetiva? Também é importante, porém muitas empresas acabam não tendo este zelo e atenção devida ao processo por focarem só no cumprimentos das metas, uma vez que tem sempre pressão vindo de cima. Então pensar todo o processo de vendas, desde o quanto pretender atingir no mês, no semestre, no ano e etc., é preciso pensar nos meios de como isso se dará e, claro, trabalhar a equipe que fica na linha de frente para que eles entendam isso e não fiquem só na pressão de vender a qualquer preço. Sem falar do post-buy, que faz parte do processo, porém muitas empresas pecam neste quesito.
Blog do Fernando Coelho: Vi em sua página pessoal no Facebook que no primeiro turno das eleições você atuou como mesário. Vamos então para uma pergunta nesta linha: como você olha o marketing político e o que pensa das “estratégias” utilizadas?
Guilherme: Nunca tive oportunidade de ver como funciona o marketing político e tenho muita vontade ainda de chegar próximo disso. Foi algo que senti falta quando fiz meu MBA em Marketing, pois passamos longe desse assunto. Eu acho o marketing político uma vertente inteligente do marketing, porque demanda muita estratégia, uma vez que campanha política é algo complicado de se fazer e defender. Não é um produto que está sendo vendido, mas sim uma pessoa, um partido e uma ideia (ou pelo menos deveria ser assim). Apesar da polêmica envolvida, onde muitos julgam o todo chamando de "pura estratégia de marketing", devemos tirar o chapéu para quando o trabalho é bem feito, independente de quem é o representado.
Blog do Fernando Coelho: Para finalizarmos, qual seu Market look? Qual sua visão de vida e mercado?
Guilherme: Acho que meu market look é curioso, sabe. Estou sempre querendo saber mais, sair fuçando e descobrir coisas. E isso, hoje, é o mínimo que devemos fazer, já que num piscar de olhos tudo muda.
MINI-CURRÍCULO:
Guilherme Pereira é natural do interior de São Paulo e atual aventureiro da capital paulista. Formado em Publicidades e Propaganda pela Universidade do Oeste Paulista. Pós-graduado em MBA Marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Já foi produtor de TV na Band e hoje é profissional de Mídia na agência Taterka, onde cuida de Polenghi, Dotz e Kate Spade (contas full); Bueno Netto, BKO, Yuny, Related e Stan (conta por produto) e Shell e Bosch (institucional). Colaborador do Plugcitários, cinéfilo e série maníaco.

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Um comentário:

  1. Boas perguntas e boas respostas.
    Gostaria de mais perguntas a respeito do marketing infantil e politico.

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