Meu convidado de hoje trabalha com mídias digitais há
10 anos, com passagens por agências como Espalhe, Fischer, Riot e AG2 Publicis
Modem. Com forte experiência no mercado, já atendeu clientes como Ambev,
Samsung, Coca-Cola e Microsoft.
Confira minha
conversa com Luiz Yassuda, fundador da Alma Beta, boutique de comunicação
digital.
Market
Look com Luiz
Yassuda
Blog do Fernando Coelho: vamos começar falando de diferenciação de marca
e produto. Hoje o Brasil está passando pela febre da gourmetização: a pipoca, a
empada, o brigadeiro, tudo virou goumert e está mais caro. Qual sua opinião
sobre essa estratégia de algumas marcas?
Luiz: Tudo o que é feito com exagero soa falso. Se
toda a comida disponível de repente se tornar gourmet, então ela não será mais
algo de destaque, certo? Faz sentido, já que a oferta de chocolate belga é
menor do que a de comum, eu cobrar mais num produto que utilize tal
matéria-prima, e faz sentido eu criar uma estratégia que justifique o preço sem
precisar explicar economia. Em todo caso, seria ideal que todo esse discurso (ou
storytelling) criado em torno do produto se sustentasse. Por exemplo: você
confia que um determinado produto "gourmet" que tenha lojas em todos
os shoppings e outros milhares de pontos de venda seja realmente um produto com
matérias-primas raras e manufatura artesanal?
Blog do Fernando Coelho: Hoje as marcas estão investindo mais em
plataformas sociais digitais – praticamente todo budget contempla
uma percentagem para o on. Como a marca consegue se tornar relevante no
ambiente digital?
Luiz: O que é tornar-se relevante no ambiente
digital? Seria estabelecer a página de Facebook com mais Likes? Ou seria
transformar a Internet em seu canal de vendas mais lucrativo? Ou uma parte -
importante, claro, mas parte - de uma complexa jornada de decisão, em que a marca
teria conteúdo otimizado para buscas sobre o assunto? Tornar-se relevante
no ambiente digital é o mesmo que tornar-se relevante em qualquer outro canal.
As marcas, para conquistarem a tal relevância e pararem de torrar dinheiro em
objetivos "wébicos" que não se sustentam deveriam se perguntar o
que de fato elas precisam, o que seria tornar-se relevante para seu consumidor
e se as diferentes ferramentas na Internet fazem sentido. E se fizerem, que o
investimento seja feito de acordo com a necessidade, não com a campanha.
Blog do Fernando Coelho: Um dos princípios do marketing digital é a
colaboração. Nossa sociedade é colaborativa por natureza, mas, as marcas estão
explorando todo este potencial?
Luiz: Você pode destacar um case ou outro, mas a
impressão geral é que nenhum gerente de produto está disposto a realizar
correções no que vende de acordo com o que o público oferece de insights. A
parte boa é que isso abre espaço para iniciativas colaborativas diversas,
financiadas por Kickstarter e similares. É pequeno ainda, mas é um cenário bem
animador.
Blog do Fernando Coelho: Saindo um pouco da publicidade e misturando
nosso bate papo com politica, você certa vez escreveu um texto falando que
“grande mudanças não acontecem em um dia”. Em sua opinião, as pessoas estão
mais criticas e com maior senso de responsabilidade social? Isso reflete nos
hábitos de consumo? E como as marcas devem trabalhar neste cenário?
Luiz: Não tenho um pensamento tão otimista em
relação às pessoas, de modo geral, terem maior consciência do que é ser
cidadão. Este papel em relação à sociedade é muito confundido com o papel de
consumidor. Se uma marca cria um selo "carbono zero", o consumidor
tende a acreditar estar exercendo o seu papel de cidadão (reduzir as emissões
de carbono para o futuro) consumindo, mesmo que seja consumindo gasolina (!!!).
Se a iniciativa mexer diretamente no seu consumo, sai de baixo: aqui em
São Paulo, vimos muita gente esclarecida vociferar barbaridades quando a
prefeitura decidiu dar prioridade ao transporte público e às bicicletas,
já que a iniciativa afetaria o trânsito dos automóveis. A grande mudança está
acontecendo, mas ainda vai levar um tempo para que temas como consumo
responsável de verdade e cidadania não soem como papo utópico de gente "meio-de-esquerda"
como eu. As marcas trabalham nesse cenário da forma que deveriam trabalhar:
vendendo comodidade e uma sensação de se estar fazendo "o bem".
Deveriam fazer diferente? Serem mais responsáveis? Para fins de mercado,
provavelmente não.
Blog do Fernando Coelho: em uma frase, qual seu Market look? Qual sua
visão do mundo e de mercado?
Luiz: Estou aberto às críticas e sugestões. Estou
ainda mais aberto às mudanças e novidades. Espero que o mercado um dia esteja.
BIO
Luiz
Yassuda trabalha com mídias digitais e sociais há 10 anos, com passagens pelas
agências Espalhe, Fischer, Riot, Sinc Digital e AG2 Publicis Modem, e é
fundador da Alma Beta, boutique de comunicação digital e produção de conteúdo,
aberta em 2012. Neste tempo, atendeu clientes como Ambev, Samsung, Instituto
Ayrton Senna, General Motors, Sanofi, LG Electronics, Coca-Cola e Microsoft.
Formado em Comunicação Social pela ECA-USP, atua também como colaborador do
Brainstorm9.
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